sábado, 22 de outubro de 2011

Silencioso!

Ontem a aula de Motion design foi um tanto silenciosa, e durante todo aquele silêncio fui quase que obrigado a escrever...

Silencioso é dos muitos textos escritos por mim, e o primeiro de muitos que eu postarei aqui.


É no silêncio que mais escutamos.
Escutamos nossos pensamentos, inclusive aqueles que estão sempre guardados no mais profundo. Pensamentos que por medo de serem engolidos por qualquer tipo de censura ou receio tendem a se perderem nos curvos caminhos da mente.
Escutamos a ingrata da consciência, que insiste em pesar, que quase sempre nos constrange, e nunca opta por fazer uma dieta.
No silêncio o ruído torna-se gritaria, o zumbido insuportavelmente ensurdecedor.
No silêncio escuto o medo, que acompanha as batidas retumbantes do meu coração.
No silêncio escuto as gargalhadas dos insetos que permanecem a me picar.
Com o silêncio sinto-me anestesiado. Mesmo com bolhas e machucados, sinto-me em paz. Sinto-me silenciosamente... 

Jackson Boa Ventura


Espero de fato que vocês gostem.

quinta-feira, 20 de outubro de 2011

Oceanos criativos.



Quanto mais mergulho nesse mundo artístico, mais fico fascinado com a criatividade e a genialidade de certas pessoas. Certas pessoas são como um oceano criativo, se renovam a cada dia, são infinitamente capazes de inovar e surpreender.

Quando me deparo com certas obras, do naipe de Vik Muniz, Leandro Erlich (aproveitando que os conheci pessoalmente), Janet Echelman e outros tantos, fico perplexo, e é normal me indagar se seria capaz de imaginar algo que me parece tão incomum ou original.
Durante a primeira etapa do árduo processo seletivo para a Kabum! me deparei com um teste de criatividade – o qual eu confesso que estranhei, nele havia a seguinte questão: O que vocês faria com um bloco de gelo? Bem, hoje essa questão não me assusta mais, até porque consegui adentrar na amada e idolatrada Kabum!.


Se alguém me presenteasse com redes de pesca, eu mataria, ou morreria. Mas tem gente que faria arte e arte das boas. Não acredita? Pois é verdade! Depois de me surpreender com as panelas lunáticas de Christopher Jonassen, me impressionei com os ambientes esculturais produzidos pela Janet Echelman.

Janet ficou conhecida por criar enormes instalações flutuantes feitas de redes de pescar. O toque final fica por conta do movimento das redes em resposta ao balanço do vento e de uma iluminação especial.

Sobre a Janet, a biografia em seu site diz:


Janet Echelman constrói ambientes esculturais vivos, que respiram e respondem às forças da natureza – vento, água e luz – e se tornam pontos focais que convidam à vida civil. Explorando o potencial de materiais improváveis, desde redes de pesca até partículas d’água atomizadas, Echelman combina o artesanato antigo à tecnologia de ponta e cria esculturas permanentes do tamanho de prédios. Experimental por natureza, o resultado é uma escultura que, ao invés de ser um objeto para o qual você olha, é um objeto no qual você pode se perder.

Confiram algumas imagens das “esculturas flutuantes”, e a palestra da Janet no TED. 















A palestra está em inglês, porém tem como traduzir no próprio youtube. Acredito que vale a pena tentar.





segunda-feira, 17 de outubro de 2011

Todos os cachorros são azuis

Promessa é dívida, e depois de tanto prometer, tanto enrolar e procrastinar resolvi falar sobre o querido Rodrigo de Souza Leão.


Quem me apresentou a esse incrível escritor foi o Lorenzo, durante uma de suas aulas de oficina da palavra. Nessa mesma aula falamos um pouco sobre loucura, e fizemos um,a incrível leitura coletiva de um dos livros de Rodrigo ( Todos os cachorros são azuis ), achei o livro super sensível , profundo e bastante peculiar. Peculiar, pelo modo que a história é contada, pela forma com que o leitor é conduzido e também pela linguagem. A intenção de Rodrigo nesse livro, segundo ele era: aproximar a prosa da esquizofrenia. 






A razão de Rodrigo querer aproximar a prosa da esquizofrenia era simplesmente pelo fato de ele possuir essa doença. E no meu ver, esse é o diferencial de Rodrigo. 


Melhor que saber da trágica história de vida de Rodrigo, é apreciar sua 'lucidez louca', sua insanidade poética.


Fiquem com um trecho do livro "Todos os cachorros são azuis", além disso deixo um pequeno trecho da entrevista que o Rodrigo concedeu a jornalista Juliana Krapp, JB online.

Texto

Tudo ficou dourado. O céu dourado. O Cristo dourado. A ambulância dourada. As enfermeiras douradas tocavam-me com suas mãos douradas. Tudo ficou azul: o bem-te-vi azul, a rosa azul, a caneta bic azul, os trogloditas dos enfermeiros. Tudo ficou amarelo. Foi quando vi Rimbaud tentando se enforcar com a gravata de Maiakovski e não deixei.Pra que isso Rimbaud? Deixa que detestem a gente. Deixa que joguem a gente num pulgueiro. Deixa que a vida entre agora pelos poros. Não se mate irmão. Se você morrer não sei o que será de mim. Penso em você pensando em mim. Rimbaud tudo vai ficar da cor que quiser. Aqui não dá pra ver o mar. Mas você vai sair daqui. Tudo ficou verde da cor dos olhos de meu irmão e da cor do mar. Do mar. Rimbaud ficou feliz e resolveu não se matar. Tudo ficou Van Gogh. A luz das coisas foi modificada. Enfim me deram uns óculos. Mas com os óculos eu só via as pessoas por dentro.






Razão


"O meu processo foi o de tentar aproximar a prosa à esquizofrenia. Para isto, resolvi achegar a prosa à poesia. A linguagem natural de um louco é, digamos, um pouco poética. Quando um poeta diz, por exemplo, "guardei o sol em sete partes", usa uma linguagem específica. O sol não tem partes e nem pode ser guardado. Só num poema isto é possível. Por isso, o livro pode ser poético. Foi isso que busquei. Fiquei possuído por esse espírito e acho que não errei de todo.

Queria também ser ágil e um pouco diferente sem ser chato. Já existem muitos escritores herméticos e chatos, não queria ser mais um em que o hermetismo fosse o principal da narrativa. Mas nunca facilitei o texto. Usei também muito a repetição. Repetia que tinha engolido um chip, que engolira um grilo e outras coisas mais. Só não havia engolido espadas. Aliás, nem gosto muito de ver mágica e magia".



 Escritor, jornalista e músico, Rodrigo [Antonio] de Souza Leão nasceu no Rio de Janeiro/RJ, em 04 de novembro de 1965.



Se vocês quiserem saber um pouco da história do Rodrigo, entrem no site desse fofo, aqui. Tem mais textos, matérias, quadros pintados por Rodrigo, e muito mais. 


Vale a pena conferir!



Relembrando Fotografia

Com o rodízio virando e a minha saída de design passei a avaliar tudo que já fiz nesse pouco (porém já longo) tempo de Kabum!. Foi ai que me lembrei do projeto Identidade da oficina de fotografia.
Esse é um projeto que de fato quero muito investir. Até então foi o mais agradável de fazer, o mais polêmico, e o que mais me orgulho. As fotos ficaram lindas, o grupo inteiro se dedicou e mereceu o bom resultado final.

Para alimentar mais ainda a ansiedade de vocês, divulgo a foto de abertura do nosso trabalho, ( e particularmente uma das mais belas e expressivas que eu já vi). Com vocês Seu José, o vendedor de bugigangas: